Eu gosto muito do meu nome, mas nunca gostei muito da ordem que a letra A ocupa no alfabeto. Sempre fui uma das primeiras na lista de chamada da escola, mesmo tendo sempre mais de uma Andreia ou Andrea na turma. O problema disso? Levar falta quando eu me atrasava, mesmo tendo chegado enquanto a professora fazia a chamada, ainda estando na letra L. Há quem possa pensar: na hora de ir embora você tinha prioridade. O fato é que na escola você sempre anda em bando e sempre tem alguém do seu grupicho, cujo nome vigora no final da lista de chamada.
Por que partilhar essa angústia fora de uma sala de terapia? Porque desconfio de que o fato do meu nome começar com a letra A tem lotado o meu Mensenger com notícias sobre política, mas especialmente com Fake News. Não sei se esse fenômeno está restrito às pessoas que tem seus nomes iniciados pelas primeiras letras do alfabeto ou se de fato, as pessoas estão sem filtro e sem noção. Enviando absurdos para toda sua lista de contatos.
A Bíblia e as eleições 2018 no Brasil estão completamente desarticuladas. Não há profecia, nem coincidências sobre um ou outro candidato. Uma das coisas mais sensatas que li foi uma reflexão da pastora Fabiana De Oliveira Ferreira pedindo que não votássemos em nome de Deus. Deus não precisa do nosso voto, nem da nossa opção política. Ele é muito maior do que isso. Ainda que alguns exegetas de botequim consigam achar no texto bíblico justificativa para priorizar seu candidato, isso em nada se sustenta. É irresponsabilidade fazer qualquer análise nessa perspectiva.
Para além de se utilizar o texto bíblico de forma equivocada e irresponsável, há outro fenômeno que tem permeado minha caixa de mensagens, quer no Mensenger, quer no Whatsapp: são as notícias falsas, que nós chamamos de Fake News por conta da nossa idolatria à cultura estadunidense, idolatria essa tão presente na perspectiva política de um dos candidatos à presidência.
Quanto à Fake News, talvez o texto bíblico possa nos orientar. Essa manhã durante meu momento devocional, me recordei de um trecho:
“E eis que Jesus veio ao encontro delas e disse: Salve! E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés e o adoraram. Então, Jesus lhes disse: Não temais! Ide avisar a meus irmãos que se dirijam à Galiléia e lá me verão. E, indo elas, eis que alguns da guarda foram à cidade e contaram aos principais sacerdotes tudo o que sucedera. Reunindo-se eles em conselho com os anciãos, deram grande soma de dinheiro aos soldados, recomendando-lhes que dissessem: Vieram de noite os discípulos dele e o roubaram enquanto dormíamos. Caso isto chegue ao conhecimento do governador, nós o persuadiremos e vos poremos em segurança. Eles, recebendo o dinheiro, fizeram como estavam instruídos. Esta versão divulgou-se entre os judeus até ao dia de hoje” Mateus 28.9-15.
De um lado Jesus e as mulheres, de outro o túmulo vazio, os soldados apavorados e religiosos irresponsáveis. Ao comando de Jesus, as mulheres saem para anunciar a boa nova: a vida venceu a morte. Ao comando de religiosos preocupados na manutenção de seu poder e privilégios, os soldados saem para anunciar uma mentira, uma notícia falsa, uma fake news, tendo a certeza da impunidade.
Certeza tenho eu de que muitas pessoas cristãs que têm sido portadoras das notícias falsas, são pessoas de bom coração, que têm sido levadas por essa onda de terrorismo e equívocos múltiplos. Por isso, o texto bíblico pode nos inspirar nesse sentido.
As mulheres e os soldados viram a mesma coisa: a ressurreição. Cada um à sua maneira e de acordo com seus interesses, propagaram a notícia. As mulheres assumiram o compromisso com a verdade, e os soldados sucumbiram à ordem dos religiosos.
Essa escolha está posta a nós, não se trata de em qual candidato você vai votar. Se trata de comprometer-se em não espalhar notícias falsas. Um favor tenho eu a pedir: não deixe que seu pastor ou pastora determine em quem você vai votar, isso não é dever nem direito pastoral. Um compromisso que assumi enquanto pastora, tem a ver com cuidar das pessoas, não castrá-las ou cadastrá-las em minhas opções políticas.
Que Deus tenha misericórdia de nós!

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