Essa frase tem tomado a linha do tempo de muitas pessoas que tiveram seu candidato eleito. Não é de hoje que ela me incomoda.
Vê-la postada por mulheres, me incomoda mais ainda. Especialmente porque sei que, a princípio, as pessoas - mulheres e homens- que a publicaram, não concordam com o estupro.
O que isso tem a ver?
Essa frase é fruto da cultura do estupro. Atualmente, "aceita que dói menos" é frase famosa de música de sofrência, mas sua origem não é dor de amor. É dor de desamor.
A frase se popularizou num funk, em 2013 ou 2014, que falava sobre a mulher ter que aceitar a relação sexual, ainda que a contragosto. Isso é estupro!
Que o candidato, agora presidente, Jair Bolsonaro cultua a cultura do estupro, nós já sabemos, está gravado. Foi por isso processado, mas seus eleitores e eleitoras não precisam reproduzir isso. Acho que nem querem, por isso seria bom não usar essa frase e celebrar a vitória de outra maneira.
Nunca fui estuprada, mas acredito que aceitar não dói menos. Aliás, não tenho medo de generalizar: nenhuma mulher nunca aceita! Se resignar a essa tortura, não tem a ver com limiar de dor, mas com estratégias de sobrevivência ou seria de "subvivência"?
Se isso não vale para o estupro, também não vale para essa vitória. Aliás, dói muito aceitar esta vitória. Dói para mim e para mais de 44% da população brasileira.
Uma dor que dilacera meus princípios cristãos, minha concepção de que educação é direito humano e que TODAS as pessoas devem ter acesso às escolas e universidades. Dilacera meu engajamento na luta por vida digna para todas as pessoas, especialmente, as mulheres.
Ele ganhou e muita gente, muita gente, perdeu. Eu perdi.
Essa dor, eu senti durante o dia todo. Coração apertado, boca seca, espírito contrito, assim estava eu. Assim eu permaneço, mas é no Livro, na Bíblia, que busco refúgio, pois o meu Mestre me ensina a crer na ressurreição, me ajuda a entender que o processo de conhecer a verdade e ser liberto por ela não é fácil, nao está na decoreba de um versículo fora de contexto, é desafiador, é processo... é resistência!
No entanto, ainda estamos em uma democracia e no exercício dessa forma de governo, é preciso reconhecer a vitória e a presidência eleita. Para além disso, no exercício de uma espiritualidade pautada no amor, peço a Deus que o desarme, peço que ele não governe para poucos, mas para todas as pessoas, especialmente para as que mais necessitam de medidas de equidade.
Que Deus nos ajude a perseverar!!!
Se perguntarem sobre o dia da vitória,
tu dirás com esperança: tudo aqui vai melhorar,
o povo alegre realizará a história
e no fim do tempo certo a colheita se dará.
tu dirás com esperança: tudo aqui vai melhorar,
o povo alegre realizará a história
e no fim do tempo certo a colheita se dará.
A fome haverá? Não!
Violência haverá? Não!
Se a nossa força for além da romaria,
o Senhor da harmonia afastará de nós a dor.
Violência haverá? Não!
Se a nossa força for além da romaria,
o Senhor da harmonia afastará de nós a dor.
É caminhando com os olhos no futuro,
clareando onde é escuro com a força da união
que venceremos quem vai contra a natureza;
pois sabemos com certeza: prevalecerá a razão.
clareando onde é escuro com a força da união
que venceremos quem vai contra a natureza;
pois sabemos com certeza: prevalecerá a razão.
A fome haverá? Não!
Violência haverá? Não!
A nossa terra terá vida abundante
p'ra que a gente cante e dance
a plenitude do amor.
Violência haverá? Não!
A nossa terra terá vida abundante
p'ra que a gente cante e dance
a plenitude do amor.
Autor da Letra: João F. Esvael (Xico)
Autor da Melodia: Laan M. de Barros (Mary Rosário)
Autor da Melodia: Laan M. de Barros (Mary Rosário)


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