Mirando Miró...
Dia desses fui ver a exposição do Miró, o senhor que pinta mulheres e pássaros, um dos meus preferidos. Enquanto adiMirava as obras, me lembrei de um
amigo (como medida protetiva, esqueço seu nome) que me disse não gostar do
artista. Ele falou algo do tipo: "é pintura de criança". Os críticos
profissionais que me perdoem, mas acho que é bem isso mesmo, por isso é belo, e
talvez esse possa ser o motivo que me faz amar tanto os seus quadros.


Enquanto eu o mirava, uma criança caminhava com sua mãe, suas análises acabaram
dividindo a minha atenção. Assim semeava
o menino: “ Mãe, ele é meio maluco, né? ”, “Ah, esse é muito legal”, “Desse eu
não gostei não”, “Eu pintava de outra cor” e por aí foi. Eu ria com Miró e com
o menino, que na simplicidade da vida encontrava espaço para simplesmente ser,
tudo que não (des)cabe em espaços como esse. De um lado pulsava a pueril
corporeidade que, volta e meia, ultrapassava a faixa que nos separava das obras.
Do outro lado os corpos contidos, silêncios intelectualizados, a contemplação
formatada da obra. De repente tudo isso ficara sem sentido, porque quem sentia
era o menino.
Mirar Miró foi bom, exercício do olhar, necessário a quem anseia
enxergar melhor a vida. Como eu desejo isso! Enxergar melhor a vida, as pessoas,
a poesia, os sentimentos, abraçar, beijar acarinhar as possibilidades fortuitas
que nos aparecem como gotinhas de (in)Sanidade para simplesmente ser.
Quero a companhia das crianças, quero que elas desenhem meus olhos
diante da realidade.... Assim, existir fica mais colorido e os detalhes ganham
formas e sentidos para além do possível, pois acho que a FELIz simpliCIDADE
deve estar mesmo na nossa forma de mirar a vida...

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